imagem: Jia Lu, Illuminated

"EM CADA CORAÇÃO HÁ UMA JANELA PARA OUTROS CORAÇÕES.ELES NÃO ESTÃO SEPARADOS,COMO DOIS CORPOS;MAS,ASSIM COMO DUAS LÂMPADAS QUE NÃO ESTÃO JUNTAS,SUA LUZ SE UNE NUM SÓ FEIXE."

(Jalaluddin Rumi)

A MULHER DESPERTADA PARA SUA DEUSA INTERIOR,CAMINHA SERENAMENTE ENTRE A DOR E AS VERDADES DA ALMA,CONSCIENTE DA META ESTABELECIDA E DA PLENITUDE A SER ALCANÇADA.

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sexta-feira, 22 de julho de 2011

É HOJE...



É hoje e não amanhã que nós nos temos de transformar

em deusas…dando lugar ao nosso lado escondido, enfrentando a nossa sombra, trazendo à superfície a mulher oculta, a mulher verdadeira, aquela que nos não ensinaram a respeitar e a amar…aquela que dividiram e separaram em duas logo em criança, aquela que nos disseram que era má porque não era obediente...aquela que castraram mal começou a sentir esse outro lado que intuía, esse lado grande e mágico, porque essa é a verdadeira magia e mistérios da mulher…


O meu trabalho não é propagar coisas passadas e míticas ou estranhas e bizarras, coisas estapafúrdias de videntes e cartomante ou de grandes magas patológicas, de grandes feministas e os seus grandes feitos…sem qualquer relação com a mulher dos nossos dias, sem uma relação direta com cada mulher de hoje.


Eu não falo só de arquétipos, de representações e símbolos, de deusas da mitologia grega ou romana, os seus ciúmes e as suas raivas … falo da mulher viva e da deusa viva na mulher…da mulher comum, da mulher vulgar, de qualquer mulher! Falo de como a Igreja separou e dividiu depois as mulheres ao longo dos séculos nas imagens de Maria, a mãe, Virgem imaculada e amante, Maria Madalena a pecadora! Como dividiram a mulher entre a santa e a pecadora…essa foi a grande cisão da nossa natureza em duas…


Eu sei que esta noção da mulher ser igual à deusa é muito difícil de integrar na realidade e no nosso dia-a-dia; sei que a consciência do feminino essencial, o lado místico e interno, para poder aparecer como uma coisa natural e inerente ao facto de ser-se mulher é muito, muito, difícil; e afinal ele é apenas esse seu lado subjectivíssimo que ela não deixa aparecer como uma realidade visível, tornando-se quase impensável falar de si e como se sente, porque tem medo do ridículo e porque ainda está presa em estereótipos e recalcada até à medula e portanto as deusas não passam de teorias bonitas e imagens fantásticas fora de si e tudo o que se escreve resulta em meras teorias sobre deusas neste e naquele tempo e os seus cultos e crenças ou rituais…E até podem haver práticas e fazerem-se reuniões, haver grupos bem-intencionados, mas se a ligação das duas mulheres não se faz primeiro dentro de cada mulher e nem sequer se pensa nessa divisão inicial da Eva e da Lilit, se não se tem qualquer consciência dessa divisão em si, da necessidade de integrar a “outra” não importa que outra, isso acabará por desunir as mulheres e acabar com os grupos…porque as mulheres lutam entre si e com as suas rivais, aquelas que representam no grupo a sua sombra.


E a nossa sombra reflete-se (in) justamente naquela que rejeitamos e tememos, não importa que nome lhe demos, por isso, temos que antes de qualquer caminho, iniciação ou ritual olhar e validar esse outro lado de nós…e se não é esse o primeiro trabalho da mulher consigo não chegaremos a nenhum lado e tudo que faremos é contar lindas histórias para nós e uma às outras. Desse modo nunca sairemos do mesmo plano em que nos colocaram os patriarcas e as religiões porque estaremos a evocar também religiões e rituais do passado e pior do que isso, eles foram deturpados por centenas de anos e não sabemos como. Se não percebermos que é dentro de nós que tem de haver a mudança e que este é o ponto essencial, o da integração das duas mulheres em nós, e que este sim, tem de ser forçosamente o ponto de partida para qualquer começo do caminho da Deusa, então não percebemos nada da Mulher nem da Deusa!


(rosaleonorpedro)

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