imagem: Jia Lu, Illuminated

"EM CADA CORAÇÃO HÁ UMA JANELA PARA OUTROS CORAÇÕES.ELES NÃO ESTÃO SEPARADOS,COMO DOIS CORPOS;MAS,ASSIM COMO DUAS LÂMPADAS QUE NÃO ESTÃO JUNTAS,SUA LUZ SE UNE NUM SÓ FEIXE."

(Jalaluddin Rumi)

A MULHER DESPERTADA PARA SUA DEUSA INTERIOR,CAMINHA SERENAMENTE ENTRE A DOR E AS VERDADES DA ALMA,CONSCIENTE DA META ESTABELECIDA E DA PLENITUDE A SER ALCANÇADA.

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sexta-feira, 7 de agosto de 2009

A RODA DO TEMPO

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A roda do Tempo gira no vácuo do Espaço. No seu aro estão situadas todas as coisas perceptíveis pelos sentidos que nada podem perceber senão no Tempo e no Espaço. E assim as coisas continuam aparecendo e desaparecendo. O que desaparece para um em certo ponto do Tempo e do Espaço, aparece para outro em outro ponto. O que pode ser dia para um é noite para outro, dependendo do "Quando" e do "Onde" do observador. Uma só é a estrada da Vida e da Morte, ó monges, sobre o aro da roda do Tempo, pois o movimento em círculo jamais pode atingir o fim e jamais se desgasta. E todo movimento no mundo é movimento circular.


Então o Homem jamais se libertará do círculo vicioso do Tempo?

Sim, o Homem se libertará, pois ele é herdeiro da Liberdade Sagrada de Deus. A roda do tempo gira, mas o seu eixo está sempre em repouso. Deus é o eixo da roda do Tempo. Conquanto tudo gire à volta dele no Tempo e no Espaço, ele é sempre sem espaço e sem tempo. Conquanto tudo seja procedente de sua Palavra, sua Palavra é tão sem tempo e sem espaço como Ele. No eixo está a paz. No aro a agitação. Onde quereis vós estar? Em verdade vos digo, escapai do aro do Tempo para o eixo e vos poupareis da náusea do movimento. Deixai o Tempo girar em volta de vós; porém não gireis vós com o Tempo.


Como pode o Homem, criatura do Tempo, libertar-se das muletas do Tempo?

Assim como a Morte te livrará da Morte e a Vida te libertará da Vida, o Tempo te libertará do Tempo. O Homem se cansará tanto das mudanças que tudo nele ansiará e almejará apaixonadamente por aquilo que é mais poderoso do que as mudanças. E é certo que se encontrará a si mesmo.

Felizes os que almejam, pois estão já no limiar da Liberdade. É a eles que busco; é para eles que prego. Não vos busquei a vós porque ouvi aquilo que almejáveis? Mas desgraçados serão aqueles que se embalam nas voltas do Tempo e nelas procuram sua liberdade e paz. Tão logo sorriem para nascer e já principiam a chorar para morrer. Tão logo se enchem são imediatamente esvaziados. Quanto mais pensam que sabem, menos em verdade conhecem. Quanto mais avançam, mais na verdade retrocedem. Quanto mais alto sobem, mais fundo caem. Para estes, minhas palavras serão vagas e irritantes murmurações. Enquanto também eles não anseiam pela Liberdade, não terão seus ouvidos abertos para as minhas palavras.


Mestre, para onde iremos depois de morrermos?

Os vossos corpos, conquanto circunscritos ao Tempo e ao Espaço, foram retirados de tudo que está no Tempo e no Espaço. Aquilo de vós que veio do Sol, vive no Sol. Aquilo de vós que veio da Terra, vive na Terra. E assim com todas as outras esferas e ínvias regiões especiais entre elas.

Só o tolo pensa que a única morada do Homem é a Terra, e que as miríades de corpos que flutuam no Espaço são meros ornamentos da morada do Homem e distração para os seus olhos. A Estrela da Manhã, a Via Láctea, as Plêiades não são menos moradas para o Homem do que esta Terra. Cada vez que elas enviam um raio para os seus olhos, o elevam até elas. Cada vez que ele passa sob elas, as atrai para si.

Todas as coisas estão incorporadas no Homem, e o Homem está, por sua vez, nelas incorporado. O Universo é um corpo único. Comunga com a menor partícula dele e estarás comungando com o todo. E assim como morres continuamente enquanto vives, assim viverás continuamente quando estiveres morto; se não neste corpo, em um corpo de outra forma. Mas continuarás a viver em um corpo até te dissolveres em Deus; o que significa que terás vencido todas as mudanças.


Voltamos à Terra enquanto viajamos de mudança em mudança?

A lei do Tempo é a repetição. Aquilo que uma vez ocorre no Tempo está fadado a ocorrer de novo e tornar a ocorrer; os intervalos, no caso do Homem, podem ser longos ou breves, dependendo do desejo de cada homem e da vontade de repetir.

Quando passais deste ciclo conhecido como vida para o ciclo conhecido como morte, e levais convosco uma sede que não foi satisfeita pela Terra e uma fome que não foi saciada pelas suas paixões, então o magneto da Terra vos atrairá novamente ao seu seio. E a Terra vos amamentará e o Tempo vos desmamará de vida em vida e de morte em morte, até que vos desmameis por vós mesmos, de uma vez e para sempre, de acordo com a vossa própria vontade.


Quero ser desligado da Terra de uma vez para sempre. Como poderei fazê-lo, Mestre?

Amando a Terra e todos os seus filhos. Quando o Amor for o único saldo de suas cotas com a Terra, então a Terra te dará quitação do teu débito.


Mas Amor é ligação e ligação é aprisionamento.

Não, o Amor é a única coisa que liberta da prisão. Quando amas a tudo a nada estás ligado.


Pode alguém, pelo Amor, escapar à repetição das suas transgressões contra o Amor e, desse modo, fazer parar a roda do Tempo?

Tú o podes conseguir pelo Arrependimento.

A maldicão proferida por tua língua procurará outro pouso quando voltar para ti e encontrar a tua língua coberta de bênçãos provenientes do Amor. Assim o Amor evitará que aquela maldição se repita.

Um olhar lascivo procurará os olhos lascivos e ao voltar encontrará transbordantes de olhares de Amor os olhos que o haviam enviado. E assim o Amor evitará a repetição daquele olhar lascivo.

Uma intenção maldosa emitida por um coração maldoso procurará aninhar-se, e quando voltar encontrará o mesmo coração repleto de intenções provenientes do Amor. Assim o Amor evitará que se repita aquela intenção maldosa.

Isto é Arrependimento.


Ainda há uma coisa que perturba meu coração e anuvia a minha compreensão, Mestre: Por que meu pai morreu desta morte e não de outra?

Tudo que é guardado na memória do Tempo fica profundamente gravado sobre as coisas do Espaço. A própria terra que pisais, o próprio ar que respirais, as próprias casas em que morais poderiam facilmente revelar-vos os mínimos pormenores do registo de vossas vidas - passada, presente e do porvir - tivesseis vós a capacidade de ler e a perspicácia de entender o sentido.

Na vida, como na morte; na Terra ou além da Terra, jamais estareis sós, mas na constante companhia de seres e coisas que participam de vossa vida e de vossa morte, assim como vós participais da vida e da morte deles. Assim como os buscais, assim eles vos buscam. O Homem tem sua conta com todas as coisas, e estas têm sua conta com o Homem. Esse intercâmbio segue sem interrupção.

O raio jamais feriria a casa se a casa o não atraísse. A casa é tão responsável pela sua ruína quanto o raio.

O assassinado afia o punhal do assassino e ambos desferem o golpe fatal.

O roubado dirige os movimentos do ladrão e ambos cometem o roubo.

Sim, o Homem convida as suas próprias calamidades e depois protesta contra os hóspedes importunos, por se haver esquecido quando e como escreveu e enviou os convites. O Tempo, no entanto, jamais esquece; o Tempo entrega o convite no endereço certo, e o Tempo conduz cada convidado à casa do anfitrião.

E em verdade vos digo, jamais protesteis contra um hóspede, para que ele não se vingue, demorando-se muito tempo ou tornando as suas visitas mais freqüentes do que seria normal. Sede bondosos e hospitaleiros para com eles, seja qual for o seu procedimento ou comportamento, pois na realidade são vossos credores. Dai aos mais importunos do que deveis, para que se vão gratos e satisfeitos e para que, se voltarem a visitar-vos, o façam como amigos e não como credores.

Texto completo em http://www.saindodamatrix.com.br/archives/2009/08/mirdad_da_morte.html

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