imagem: Jia Lu, Illuminated

"EM CADA CORAÇÃO HÁ UMA JANELA PARA OUTROS CORAÇÕES.ELES NÃO ESTÃO SEPARADOS,COMO DOIS CORPOS;MAS,ASSIM COMO DUAS LÂMPADAS QUE NÃO ESTÃO JUNTAS,SUA LUZ SE UNE NUM SÓ FEIXE."

(Jalaluddin Rumi)

A MULHER DESPERTADA PARA SUA DEUSA INTERIOR,CAMINHA SERENAMENTE ENTRE A DOR E AS VERDADES DA ALMA,CONSCIENTE DA META ESTABELECIDA E DA PLENITUDE A SER ALCANÇADA.

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segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

RACHEL CARSON



RACHEL CARSON
Pioneira na luta para salvar o meio ambiente


ELA SEMPRE SOUBE QUE ERA UMA ESCRITORA nata. Assim como Faulkner, Fitzgerald, E. E. Cummings, Millay e E.B. White, Rachel Louise Carson, então com 10 anos, teve seus trabalhos publicados pela primeira vez na revista literária infantil St. Nicholas. Nascida em 1907, na cidade de Springdale, Pensilvânia, a garota ma­grinha e tímida, apaixonada pela natureza, con­tinuou a escrever durante a adolescência e esco­lheu a língua inglesa como campo de estudo no Pennsylvania College for Women. Somente no terceiro ano, um curso de biologia reacendeu sua paixão pelo mundo natural, levando essa reserva­da leitora a optar pela zoologia. Mas ela ainda não havia se dado conta de que a literatura e a ciência seriam complementares sua trajetória de vida.

Carson fez mestrado em zoologia na Universi­dade Johns Hopkins, mas as responsabilidades familiares fizeram com que ela abandonasse o projeto de doutorado. Durante alguns anos, lecionou zoologia na Universidade de Maryland, dando continuidade aos estudos num laboratório de biologia marinha em Woods Holo, no Estado de Massachusetts.

Seu primeiro livro, Under the Sea-Wind (Sob o vento do mar), de 1941, passaria despercebido. Uma década depois, o livro o livro The Sea Around Us (O mar ao nosso redor) foi premiado com a Medalha John Burroughs, o prêmio nacional do livro nos EUA. Em um ano, foram vendidos mais de 200 mil exemplares.

O sucesso permitiu que Carson se dedicasse à literatura em tempo integral, e a fama lhe deu também a oportunidade de se expressar sobre as­suntos que a preocupavam. Já em 1945, Carson e o colega Clarence Cottam ficaram alarmados com o uso abusivo, por parte do governo de novos inseticidas químicos, como o DDT. "Quanto mais aprendo sobre os inseticidas, mais consternada eu fico”, disse Carson. "Descobri que tudo aquilo que eu mais prezava como naturalista, estava cor­rendo perigo e que eu não poderia fazer nada para mudar a situação."

Carson propôs um artigo para o Reader's Digest falando sobre a série de testes que estavam sendo feitos com o DDT próximo a onde ela vivia, em Maryland. A idéia foi rejeitada.

Treze anos mais tarde, em 1958, a idéia de Rachel de escrever sobre os perigos do DDT, teve um novo alento, quando ela soube da grande mortandade de pássaros em Cape Cod, causada pelas pulverizações de DDT. Porém seu uso tinha aumentado tanto desde 1945, que Rachel não conseguiu convencer nenhuma revista a publicar sua opinião sobre os efeitos adversos do DDT. Ainda que Rachel já fosse uma pesquisadora e escritora reconhecida, sua visão do assunto soava como uma heresia.

Então, ela decidiu abordar o assunto em um livro.

A Primavera Silenciosa (Silent Spring), levou quatro anos para ser terminado. Além da penetração do DDT na cadeia alimentar, e de seu acúmulo nos tecidos dos animais e do homem, (chegou a ser detectada a presença de DDT até no leite humano!), com o risco de causar câncer e dano genético. Rachel mostrou que uma única aplicação de DDT em uma lavoura matava insetos durante semanas e meses e, não só atingia as pragas, mas um número incontável de outras espécies, permanecendo tóxico no ambiente mesmo com sua diluição pela chuva.



Rachel concluía que o DDT e outros pesticidas prejudicavam irremediavelmente os pássaros e outros animais, e deixavam contaminado todo o suprimento mundial de alimentos. O mais contundente capítulo do livro, intitulado "uma fábula para o amanhã", descrevia uma cidade americana anônima na qual toda vida — desde os peixes, os pássaros, até as crianças — tinham sido silenciadas pelos efeitos insidiosos do DDT.

A grande polêmica movida pelo instigante e provocativo livro é que não só ele expunha os perigos do DDT, mas questionava de forma eloqüente a confiança cega da humanidade no progresso tecnológico. Dessa forma, o livro ajudou a abrir espaço para o movimento ambientalista que se seguiu. Juntamente com o biólogo René Dubos, Rachel Carson foi uma das pioneiras da conscientização de que os homens e os animais estão em interação constante com o meio em que vivem.

Silent Spring, publicado em capítulos na revista New Yorker em junho de 1962, provocou sérias reações em todo o país. Reações extremadas chegaram a questionar a integridade, e até a sanidade, de Rachel Carson. Mesmo antes da publicação, Carson sofreu violentas ameaças judiciais e foi até ridicularizada por pessoas que consideravam essa meticulosa cientista como uma "mulher histérica”, sem autoridade para escrever um livro como aquele. Empresas como a Monsanto, Velsicol, e American Cyanamid, ou seja, praticamente toda a indústria química, organizaram e lideraram um forte contra-ataque.

Porém, além de ela estar cuidadosamente munida de evidências a seu favor, cientistas eminentes vieram em sua defesa e quando o Presidente John Kennedy ordenou ao comitê científico de seu governo que investigasse as questões levantadas pelo livro, os relatórios apresentados foram favoráveis ao livro e à autora. Como resultado, o governo passou a supervisionar o uso do DDT e este terminou sendo banido. A visão sobre o uso de pesticidas foi ampliada e a conscientização do público e dos usuários começou a acontecer. Logo, já não se perguntava mais "será que os pesticidas podem ser realmente perigosos?", mas sim "quais pesticidas são perigosos?"

Então, em vez dos defensores da natureza terem de provar que os produtos eram prejudiciais, foram os fabricantes que passaram a ter a obrigação de provar que seus produtos são seguros.

Na tentativa de reduzir o protesto da cientista a uma simples questão de relações públicas, a ofensiva das empresas químicas terminou chamando a atenção do público para o assunto. Silent Spring tornou-se um best-seller com pro­jeção internacional. Quase 40 anos mais tarde, a obra ainda é considerada um marco na história da defesa do meio ambiente.

A maior contribuição de A Primavera Silenciosa foi a conscientização pública de que a natureza é vulnerável à intervenção humana. Poucas pessoas até então se preocupavam com problemas de conservação, a maior parte pouco se importava se algumas ou muitas espécies estavam sendo extintas. Mas o alerta de Rachel Carson era assustador demais para ser ignorado: a contaminação de alimentos, os riscos de câncer, de alteração genética, a morte de espécies inteiras... Pela primeira vez, a necessidade de regulamentar a produção industrial de modo a proteger o meio ambiente se tornou aceita.

Carson não foi uma batalhadora nata, mas sim uma mulher inteligente e dedicada que se sobres­saiu como a heroína daquele momento. Sempre muito segura de suas idéias, tinha certeza do apoio de seus colegas e, portanto, mantinha-se serena diante de seus acusadores. Talvez a iminência de sua morte tenha contribuído para que encontrasse essa preciosa paz de espírito. Morreu com apenas 56 anos, em abril de 1964.

"A beleza da natureza que eu tentava salvar”, escreveu a um amigo em 1962, "sempre foi o mais importante para mim — além da raiva que eu tenho, daqueles que são insensíveis e fazem coisas brutais contra ela, sinto uma obrigação solene de fazer aqui­lo que posso. E sei que ajudei um pouco, ainda que essa ajuda tenha sido pequena. Não seria muito rea­lista pensar que um livro poderia mudar tudo”.



Fontes: artigo de jornal de autoria de PETER MATMIESSEN
e o blog:

http://florodrigues.blogspot.com/2008/04/at-o-fim.html

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