imagem: Jia Lu, Illuminated

"EM CADA CORAÇÃO HÁ UMA JANELA PARA OUTROS CORAÇÕES.ELES NÃO ESTÃO SEPARADOS,COMO DOIS CORPOS;MAS,ASSIM COMO DUAS LÂMPADAS QUE NÃO ESTÃO JUNTAS,SUA LUZ SE UNE NUM SÓ FEIXE."

(Jalaluddin Rumi)

A MULHER DESPERTADA PARA SUA DEUSA INTERIOR,CAMINHA SERENAMENTE ENTRE A DOR E AS VERDADES DA ALMA,CONSCIENTE DA META ESTABELECIDA E DA PLENITUDE A SER ALCANÇADA.

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terça-feira, 25 de novembro de 2008

VITIMAS DA HONRA



Em Lahore,no Paquistão,o pequeno Ahsan,de 12 anos,conduz sua mãe,Naeema Bibi,de 40 anos,até a porta da casa,para pegar um taxi.Cega,ela depende inteiramente de seus 3 filhos-2 meninos e 1 menina.As crianças a levam p/ a cidade,alimentam-na e vão com ela ao banheiro.
Naeema não foi cega a vida toda.Tres anos atrás,após ser agredida pelo marido repetidas vezes,resolveu se divorciar,já que o homem tb não oferecia à familia boas condições de vida.
A resposta do marido foi rápida e brutal:jogou ácido sulfúrico no rosto da esposa,o que a desfigurou e deixou cicatrizes horrendas em todo o corpo.Foi assim que ela ficou cega.O cônjuge fugiu e nunca foi preso.
Naeema é apenas mais uma vitima da patologia machista que há seculos grassa no Paquistão.Esse mal é responsável por dezenas de milhares de mulheres estarem sujeitas a abusos,e até mesmo mortes,em nome da "preservação da honra" da familia.
Pedir divórcio,recusar-se a casar com o homem escolhido pela familia ou ser vitima de estrupo podem resultar nesse tipo de ação.
Pouco noticiada no Ocidente,essa crise humanitária apresenta nsº expressivos:
ente 70% e 90% das 83 milhões de paquistanesas já foram atacadas ou sofreram outras formas de agressão doméstica pelos maridos,futuros maridos ou membros da familia,de acordo com os dados do Human Rights Watch(HRW).
Mais de 4100 homicidios em nome da honra-assassinatos de mulheres pq os parentes achavam que elas envergonhavam sua familia-ocorreram entre 2001 e 2004,segundo o Ministério do Interior do Paquistão.
Cerca de 290 mulheres foram mortas e 750 ficaram com ferimentos permanentes ou foram desfiguradas como resultado do ataque com ácido(isso só em 2002),de acordo com o HRW.
Meninas e mulheres ente 14 e 25 anos são as vitimas mais comuns.Os motivos das agressões variam:vingança,obsessão,ciumes,suspeita de infidelidade,"não cooperação" sexual e recusa a se submeter à vontade dos homens.
Depois de sofrer as agressões,as mulheres são banidas da familia e não conseguem arrumar emprego.Outras vezes,elas são confinadas em casa e isoladas socialmente.
"O sexo muitas vezes está baseado no abuso e na violência,e exemplos horriveis são comuns em muitas sociedades que ainda aceitam a discriminação,a exploração e a violência contra as mulheres",assinala Andreia Bottner,diretor do Escritorio Internacional p/ Assuntos Femininos do Departamento do Estado,dos Estados Unidos."Em muitas partes do mundo,as mulheres ainda não são protegidas pela lei,nem tem acesso direto a Justiça.Isso é inaceitavel."

Mais em Revista Planeta,ed. 435 dezembro de 2008-pag 70/72

Uma em cada três mulheres é alvo de violência na sua vida

Em média, uma mulher em cada três sofre de violência na sua vida, desde espancamentos a relações sexuais impostas ou outras formas de maus-tratos, segundo um relatório do secretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan, divulgado em Outubro. 25 de Novembro é Dia Internacional para a Eliminação da Violência contra as Mulheres e realizam-se várias manifestações e colóquios em todo o mundo.

Em Portugal, a União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) assinala o dia com a divulgação de um estudo encarado como uma forma de "denunciar e alertar as autoridades e a sociedade para uma situação preocupante em Portugal", nas palavras de Elisabete Rodriques.

Entre Novembro de 2005 e o mesmo mês deste ano morreram em Portugal 37 mulheres vítimas de violência doméstica, revela o estudo apresentado sexta-feira pela UMAR.

O Dia Internacional para a eliminação da violência doméstica é uma iniciativa da ONU e do Conselho da Europa e serve para debater e da visibilidade às vítimas da violência, quer através de espancamento, violência conjugal, crimes de honra ou casamentos forçados.

Na Austrália, no Canadá, em Israel, na África do Sul e nos Estados Unidos, entre 40 a 70 por cento das mulheres assassinadas são-no pelo seu marido ou companheiro. Em França, cada três dias, uma mulher é morta pelo seu companheiro, segundo o governo francês

No Brasil, uma mulher é espancada em cada 15 segundos, ou seja, 2,1 milhões por ano, segundo a organização não governamental Agenda.

Em África, a violência contra as mulheres passa pelas mutilações genitais, sofridas por 130 milhões de raparigas no mundo, segundo a ONU, mas também por um número recorde de mulheres infectadas pelo vírus da sida por não utilização do preservativo.

Na Guiné-Bissau, a violência doméstica, sobretudo contra mulheres e crianças, tem sofrido nos últimos anos um "aumento alarmante". Francisca Pereira, presidente da Rede Nacional contra a Violência do Género e da Criança, indicou que, em 2005, as autoridades competentes do país registaram "pelo menos 427 casos".

No Sudeste Asiático, crimes de honra e discriminações são o dia a dia de muitas mulheres. No Afeganistão, os suicídios por imolação de jovens adolescentes obrigadas a casamentos forçados estão a aumentar, estima a ONG alemã Medica Mondiale. Os casamentos forçados representam, naquele país, entre 60 a 80 por cento das uniões, segundo a comissão independente de defesa dos direitos humanos afegã.

http://www.everyoneweb.fr/projectomemorial/Pr_Update_Knooppunt_Inhoud.aspx?WebID=projectomemorial&BoomID=B1&KnooppuntID=K466&LG=

E nessas horas de escuridão,quando vejo tais abusos contra o Feminino,eu me pergunto o que está ao meu alcance para "fazer a diferença" e conseguir de alguma forma mudar esse estigma no mundo...

Um comentário:

Sandra Ebisawa disse...

Encontrei este blog através de uma pesquisa na internet sobre violência psiquica. Vi seu comentário no site "MULHERES E DEUSAS" e conheci Maria da Penha Vieira (DO DOMÍNIO FEMININO) que escreveu sobre violência psicológica. Queria ter sido eu a escrever o artigo, pois ele traduz tudo o que gostaria de expressar. Sou uma das MULHERES DA TERRA (blog da Abril) e quero deixar aqui meu agradecimento e me colocar a disposição por esta causa que eu mesma vivenciei inconscientemente por tantos anos.
Parabéns pelo trabalho desenvolvido neste blog.